terça-feira, 31 de julho de 2012

EstaFado


À primeira vista o nome está cansado.
Dá-nos a sensatez de noites corridas…como o Fado, o corrido.
Cigarro após cigarro, fico EstaFado. Mas os sentidos fortalecem o bem-querer.
De olhos postos no balcão, apaixono-me facilmente. Suave e de cabelos de ouro, sorri quando passa. Chamam-lhe prima…não é, mas faz parte…é família.
Ali houve-se o Fado, da minha vida e da dos outros. E o bravo Hugo por ali caminha, de trato fácil e envolvente, qual comandante deste navio aproado à EstaFadez de Lisboa. Com simples perguntas leva a vida, vai mais alguma coisinha? Simpático personagem que por ali manda.
Os jantares saboreiam-se à fadista. Na companhia da Artista, querida "Tia" M. João Quadros. Com sons de Rapsódias de Manuel de Almeida, entre tantos mais. Às vozes do “Zé” da Camara, da Maria João e de outros.
E a noite caminha, de mãos dadas com a Teresa, que pela sombra conquista quem ali entra. Um sorriso maroto que ilumina o espaço.
Houve-se gargalhadas ao fundo, quais manifestações de alegria pelas palavras do rei Kikolo, o rei da festa. Criador do nome, mete-se à socapa com a Vánessa…já faz parte do Staf(Fado).
E amigos e amigas ali se encontram, se juntam e por ali ficam, à noite. Compartilham a liberdade de ser EstaFado!

Em queda livre


...como se conseguisse entender porque fui ali parar.
Repetitivos movimentos que Einstein consideraria de um louco...parvo. Ou mesmo (des)iluminado...bater com os punhos em paredes de picos sangra, mesmo que (já) não se sinta a dor. Cometer atentados à clareza, mas que clareza, a de saber resultados previstos...e ainda assim exigir provas, mais provas. Para parar de bater! Para parar de sangrar!
As nuvens subiam como carros de corrida...mas era eu que estava em queda. Livre! Porque ninguém havia visto o salto. Ninguém, nem mesmo os intervenientes... De olhos serrados, caminham porque o seu mundo os cega. E em queda livre fiquei.
O vento vinha de Sul, a uma velocidade estonteante. Fazia-me lembrar o comboio da Scarlet, que velozmente e só, deixava para trás o Monte Fuji. Subia para norte fazendo como se me encontrasse parado...no tempo e no espaço, à espera do embate.
As linhas tornavam-se mais grossas e os pontos laranja tomavam a forma de quadrados e rectângulos. Quando o meu corpo girou, vi de novo o céu. Azul encandeceste, quase pintado à mão. E as nuvens acenavam perplexas...porque sorria? O seu destino é um só...aquele. Porque sorria?
Porque estar em queda livre é estar consciente. É dançar sem querer saber. Gritar como se o mundo acabasse. É...liberdade? Sim!
Perdi o medo de amar! Mesmo quem não me ama! E o medo de não amar quem me deseja ao luar!
Um dia havia escrito que sabíamos demais. Conhecemos resultados! Conhecemos como começa e como acaba! Por isso defendemo-nos. Quem quer perder repetidamente? Quem quer tomar o caminho que leva ao precipício? Melhor o outro...esse é simples, normal, assertivo, sério, seguro...o melhor. "Não vás por aí, arriscas...", "...olha alí, vês?" Não! Não vejo nem quero ver!
Por isso ali fui parar. Porque escolho o precipício, nele vivo, nele arrisco, acredito, mesmo sabendo que...vou sofrer? E? Faz parte! Já pensaste que saltar sem pára-quedas trazer-te-á sensações desconhecidas? Aprenderás a viver de olhos abertos! Não saberás o que esperar...não saberás nada...nada! E a vida é uma surpresa! ...não gostas destas? Escolhe o outro!
E o embate? Esse...será no chão, quando lá chegar! Medo? Não! Porque (também) o chão a Deus pertence!


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Thanks...Serendipity


Em momentos de crise existencial, não sobre quem sou ou quem quero ser, mas sobre os palcos onde existo…ou onde persisto; Nascem perguntas paradigmáticas, matemáticas e até dramáticas.
Escolher onde caminhar, onde sonhar e amar, é resultado de coragens assumidas. Quero…mas não quero, ou talvez sim…mas também não. E as dúvidas persistem.
O local longínquo que me aguarda projecta falsos momentos…e a bravura cede, por vezes…quais cenas perplexas de filmes banais.
Mas em tempestades de verão, surgem palavras que com setas certeiras atingem alvos improváveis. E as coragens renascem…porque as frases alimentam.
Hoje, como uma carta a mim dirigida…alguém especial, combateu o meu mal. E dedicou-me um texto…Thanks…que mais posso dizer? Serendipity!

E foi assim:


...vais voar para a terra do sol e das palmeiras...


...trabalhar e ver as horas passar.


Sentir saudades de quem cá fica e ansiar pelos abraços.



Mas no final do dia com uma cuca na mão...


...vais sentir o arco-íris e pensar:



"Tenho sorte”!


Thanks T! :)




quinta-feira, 26 de julho de 2012

Agora


Agora que estou em Lisboa, sinto os olhares que não sentia desde tempos de navegação. Esta cidade e eu temos algumas histórias. Férias passadas em família. Aquelas histórias vermelhas de Natal, onde tios, tias, avôs e avós fingiam prolongar a noite para a meia-noite não chegar. Apanhávamo-los…nós os putos… E então riamos a perder. Eram momentos alegres. Ainda que no meio desta cidade… Pois, eu nasci no Porto. Cidade invicta, bem cheirosa e revoltante! Ali o ser é mais cru, mais vivo e carregado de violentas verdades.
Estive cá enquanto cumpria o serviço…o militar. Naveguei pelo Tejo, vestia de branco e azul-marinho, de aspirina pousada na cabeça. Eramos os mais bonitos…diziam elas ao ver-nos passar. E namorei-as, vestido de branco e de azul-marinho.
Hoje? Lisboa é colorida. Tem um je ne sais quoi de cosmopolita. E tias até perder de vista. Até as conheço, as da TV. São mais que as outras! Mais tias, entenda-se!
Daqui vou mais para Sul. Esperem aí, mas isto já não é sul? Diziam que sim. Mas daqui dá para ver. Há terras do sul ainda mais abaixo. Para aí vou eu…uns tempos…mandar.
Preparo-me devagar porque devagar ali se anda…se vive.
Hoje umas injecções, amanhã uns repelentes, depois…depois? …bora lá! Xiiii, e com isto já se nota, falo como cá. Já? Há mesmo quem diga que sempre falei. Desculpem os mais atentos porque os desatentos não querem saber.
Vou de malas e bagagens ao encontro das terras onde dei os meus primeiros passos. Ali, em terras de África, aprendi a andar, a correr para o colo da mulher que me trouxe. Ai, as saudades…dela! Pode ser que por ali me sinta mais perto, quem sabe.
Até lá, vou curtir a capital e sonhar com visitas impossíveis. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Desenraizado...


Por tudo isto me pergunto se as areias do deserto me querem. Porquê? Porque ao contrario dos demais, eu sinto-as como família. 
Assustam-se quando lhes falo...aos que desinteressadamente querem saber de aventuras. Um desapego de tudo, respondem indefesos. Como o fazes? Sentimentos são então lançados à mesa, como assuntos de café. A música, as gentes, os cheiros daqui. Acusam-me com dedos amigos que só me querem bem. Saudades...
Nunca pensei. Não me dei ao trabalho...hoje sei. Raízes invisíveis! E são-no, de facto, porque ali não estão. Não sou como tu, como ele e como ela. Com uma forte rajada de limão, as minhas raízes secaram.
Foi cedo…demasiado…se me perguntarem. Mas desenraizado será a palavra a usar. Sim, desenraizado! Como se pertencesse a todos e a ninguém. Cidadão português com “aquele” orgulho…mas cidadão do Mundo (tão em voga hoje). Ainda que não de todo…ainda. Mas aí estou bem. Por aí…pelos 4 cantos que tão longe ficam.
Como consegues? Pergunta-me gente de bem.
Conseguindo!
Há até quem diga que não pertenço…não pertenço! …nem ao meu país. Pois não, mas um ET perdido pela Via Láctea saberia que a esta bola achatada pertenço. Pelo menos isso…acho eu, não?
Então, por tudo isto vos digo; Desenraizado sou, assumo…mas estará para vir uma bela jardineira que me plantará e com águas carinhosas me “prenderá” a uma terra qualquer.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

My heart and I (Not Original)...but (Fuc)KING TRUE!

I hope there's a golden age
I pray for my sanity           
Where we don't have to answer to anyone 'bout anything

This is not like a brochure
Flying cars and sex machines
We are all so compliant
'cause everything is what it seems
And it can't be the satellite
To tell you how loved you are
Or some kind of live device that holds you when you've gone too far

And I don't feel myself again
I thought I'd be fixed by now
Walking through the horizon, I found myself back here somehow
Give me something to die for
Or design a quiet mind
Something to like mankind for
Cause we don't lie, MY HEART AND I.

You've been bending so long now
You think it's standing up
And they line up behind you to build you up, buttercup
We can lose all meaning
Quicker than a credit card
And not everyone's healing, so try your best and don't love too hard
Cause they can't build a satellite
To tell you what's in your heart
Or some kind of live device that holds you when you've gone too far

And I don't feel myself again
I thought I'd be fixed by now
Walking through the horizon, I found myself back here somehow
Give me something to die for
Or design a quiet mind
Something to like mankind for
Cause we don't lie, MY HEART AND I.

Will I ever feel the waking
Naked as a lullaby
Don't ask me to explain again
I can't lie to MY HEART AND I



by RW



terça-feira, 17 de julho de 2012

Invertido

Há bons dias para os maus hábitos! E maus dias para os bons! Há maus hábitos nos dias bons! E bons nos dias maus! Mas o que eu quero é sorrir! Nao importa o que acontece a seguir! Sim, hoje ouvi que sim porque não...e não porque sim! Estou invertido! Tenho o mundo de pernas para o ar! O céu no chão e o mar a voar! ...e muitos querem a minha vida! ...pois que façam o pino! Onde me pagam...sou eu que mando! ...e "cá fora", comandam-me os sonhos! Pois batam-se palmas ao corajoso que tenta respirar debaixo de água e ao que salta sem pára-quedas! Porque a vida está fora de moda!

domingo, 15 de julho de 2012

Jardim Secreto


Fiz o que tinha a fazer, quero o que quero, o impossível… e por isso acabei onde acabei. Estava precisamente a pensar nisto quando a aula acabou. Reparei no grupo que permaneceu ao fundo, no mesmo canto onde estive antes de ser colocado neste. Era um grupo de vultos que rodava em torno de um último. Agarrado a si mesmo, este apresentava-se cabisbaixo. Como que triste…sei lá.
Sem vontade de sair dali, enrosquei-me mais um pouco no meu canto e encostei a cabeça à parede. Esta estava fresca, era virada para a pequena floresta de pinheiros altos que a protegiam dos raios do sol ao almoço.
Caras anteriormente conhecidas, pensei, quando o grupo do fundo reparou que ali tinha ficado. Aproximaram-se e pediram-me um lenço de papel…enquanto sorriam timidamente ao ver-me ali. Também estes me haviam na memória de outros tempos…mais antigos.
Não tinha…não uso. Há uns anos que as constipações nada querem comigo, entre outras coisas. Já por isso estou neste canto. Aqui não há diferenças de temperatura.
Como que surpreendidos por um fantasma de lençóis negros, os vultos pareciam querer saber porque é que, ali, a temperatura era amena, a chuva não chegava e os ventos estavam parados. Certamente no seu pequeno mundo, o canto do fundo da sala, as tormentas faziam-se sentir. Os sóis escaldavam e os ventos, quando passavam, destruíam as palmas das mãos.
Reparei que o vulto triste, também ele, se aproximou. Observava-me estupefacto, pelo simples facto que…eu, respirava aquele ar parado, sem ventos ou sem tormentas.
Abri os olhos e reconheci caras…umas tristes, outras nem tanto. Queimadas do sol e salpicadas de chuva. Relembrei expressões que não sentia há muito. Tempos de abraços verdadeiros, beijos com sentido e algum sentimento. Já ali tinha estado…naquele canto do fundo da sala. Era um passado algo distorcido, mas sim…também eu ali estive. Já não…e isso trazia-me um pesar estonteante, as lágrimas caiam e todo o meu corpo morria…só de pensar.
Sentaram-se ali, comigo. Como se o professor agora fosse eu. O resto da sala estava deserto. Nem as janelas deixavam ver o movimento do mundo, o verdadeiro, lá fora. Com alguma timidez fiz o meu papel…
- Pareces triste.
- Sim, até estou. – o vulto triste era agora uma pequena mulher de olhos inchados, cabelo apanhado e pescoço longo. Tinha estado à chuva e as roupas, molhadas de lágrimas, eram de um cinzento pálido. – Sou a Vitória.
- Olá Vitória, sou o Joshua.
V – Sim, já me haviam comentado. Porque estás aqui? …e sem lenços de papel?
J – Porque já ali estive e, como tu, fiquei molhado.
V – Ah…e aqui não te molhas?
J – Olha à tua volta! Vês humidade? Ou paredes secas do sol? Sentes o vento forte ou o frio do Inverno?
V – Não. Não sinto nada.
J – Pois…
V – É por isso que estás aqui? Qual é a piada?
J – Nenhuma!
V – Ok…então porque estás aqui?
J- Como te disse antes, ali fiquei molhado. Uma…e outra, e outra vez.
V – Não gostas de ficar molhado, estou a ver. – Vitória esboçou um leve sorriso.
J – Não, não gosto. Adoro molhar-me, mergulhar em águas profundas e até nadar um mar inteiro…mas ficar molhado? Ficar? Não. Além disso já estás a sorrir…e não estás ali.
V – Sim, sorrio mas a mágoa não sai assim.
J – Se aqui ficasses, e não te estou a dizer para ficares…aliás, não fiques! Mas se aqui ficasses, a mágoa abandonava-te…como tantas outras coisas.
(…)
- Espera lá! – Fez-se luz num outro vulto e uma cara pintada de cabelos lisos e compridos, muito bonita por sinal, levantava o sobrolho. Teria os seus trintas e reluzia como a mulher mais bonita do grupo. – Já agora, sou a Aicho. O que estás a dizer? Já não percebo nada.
J – Não quero que percebas. É como explicar a uma criança que se vai queimar enquanto cresce, que vai cair e magoar-se, que vai perder um dente e levar injecções. Mesmo sabendo isso, não vai deixar de viver e levantar-se…não pode.
A – De olhos serrados, fitou-me com um enorme ponto de exclamação.
J – Com isto eu sorri calmamente – Vez aqui algum vestígio de chuva? Por outro lado, vez aqui algum vestígio de sol?
A – Não. Não vejo e confesso que estou a ficar confusa.
J – Agora já sabes que não gosto de ficar molhado. Não me entendas mal. Aceito a chuva…é necessária. Mas não mais em cima de mim. Já chega, aliás…já chegou.
A – Mas também não tens sol…aqui. Não gostas de sol?
J – Sim, gosto…gosto demasiado de sol, em especial em jardins secretos. Também por isso aqui estou.
A – Não percebo…não faz sentido.
J – Perdi-o demasiadas vezes…importantes vezes. Já não acredito nele. Se ali vou, vejo-o, mas não o sinto. Fiquei incapaz. – E sorri ao ver o desatino corporal de quem me ouvia.
(…)
- Mas…como é possível? O sol é quente! Tens de o sentir… - Uma voz altiva descrevia agora todas as formas de sentir o sol enquanto eu, atento, concordava.
J – Calma! Como te chamas?
- Mia.
J – Olá Mia. Tens razão. Disseste tudo o que se podia dizer sobre as sensações dadas pelo sol. Mas como podes ver, a minha pele (Já) não sofre. Está intacta. Estou como que num ambiente sem ar….para gente como eu.
M – Gente como tu?
J – Gente como eu…que não… Não...não sei! Pessoas cujas chuvas formaram os rios que descem das montanhas, cujos trovões partiram peças em tantos pedaços que já não colam. Pessoas que acreditaram em tudo! No sol, na frescura da chuva, no calor do deserto e nos ventos de neve. Viveram-no como ninguém. Sugaram o mais profundo dos elementos, voaram com tempestades, nadaram em maremotos de chuva e gelaram até os seus corações partirem em milhões de pequenas partículas de sangue. Também sentiram o mais quente dos sóis e as águas mais doces do universo…sentiram, mas já não.
M – Falas como se isso se gastasse.
J – Não, não gasta. Isso é impossível…é eterno. Mas há correntes que te levam sempre ao mesmo lugar.
M – Escolheste aceitar?
J – Não. A escolha de alguns é a âncora de outros.
M – Medo?
J – Sim, medo!
M – Não podes viver assim!
J – És inteligente. Compreendes o que digo, também vais compreender o que sinto.
(…)
- Eu também estou a perceber. Não gosto de ficar molhada, por isso uso um guarda-chuva.
J – É uma opção, quero que saibam que não sou dono da verdade.  Não estou aqui porque sou mais esperto…ou inteligente. Nem sequer escolhi. Foi como se, de repente, o meu navio tivesse ancorado…e aqui estava eu. Disseram-me um dia que, às vezes, acontece.
- Acho que já me aconteceu, mas levantei âncora e segui viagem. É como o meu nome, sou a Esperança.
J – Chamar-te-ia Força…mas isso não é nome. No entanto pareces tê-la.
E – Acredito que as tempestades são passageiras e o que não nos mata…
J – Gostei muito de ouvir essa frase. Sempre fui assim. Fui atirado borda fora umas quantas vezes e nadei sempre até alcançar. E a crença, a esperança, é a maior de todas as armas.
E – E então?
J – Deixei de ficar surpreendido.
E – Surpreendido? Com o quê?
J – Com as tempestades.
E – Isso é mau.
J – Sim, é muito mau. Em especial quando sabes o que vem a seguir.
E – Não podes saber. Ninguém sabe se vem mais uma tempestade ou a própria bonança.
J – E quando deixas de sentir a bonança porque te habituaste a vê-la e não a senti-la? Sabes que ela está aí…até a vives por breves momentos e nela acreditas. Mas a consciência prova-te, uma vez e outra, que também as bonanças terminam?
E – Não têm de terminar…
J – Não, não têm. Mas as que conheci, todas elas, terminaram.
E – Não tiveste sorte! E ainda não encontraste a Tua bonança.
J – Está bem. Mesmo a viver aqui, neste canto, a pagar este preço, acredito que um tumulto me atire para o fundo da sala, onde o sol (também) está.
E – Então estás aqui porque queres.
J – Pensei que sim. Até saí daqui, por vezes. Mas sem bem me aperceber porquê, acabei sempre aqui.
Mia – Estamos a falar de amor!
Vitória – Não me fales nisso! Acho que vou fazer como o Joshua e durante uns tempos, venho para este canto da sala.
Aicho – Não digas tolices! Não estás a ver que este canto não é para ti? Isto não me parece para pessoas que decidem vir para aqui só porque estão tristes e querem uma pausa. As pessoas aqui estão como que…doentes
J – Acho que compreendeste melhor que ninguém, Aicho. Estou doente.
Esperança – Mas vais-te corar.
J – Não penso nisso. Não consigo. A cura envolve o jardim secreto de alguém…e se é secreto, ninguém mais pode entrar nele. E é aí que que quero estar…só aí! É onde está tudo o que quero, onde está tudo o que preciso…aí, no jardim secreto de alguém! Mas, eu aceito e acredito que os segredos são segredos. Por isso o impossível…é-o até ao fim. Estou ciente da minha doença.
M, A, E, V – O jardim secreto?
J – Sim, o jardim secreto.
(…)


quinta-feira, 12 de julho de 2012

O último comboio...ele ali vai. ...;)

Corria com a calma de quem acredita que as estrelas nos seguem, a todos...devagar. Mas no céu já se havia escrito, ao longe, cada passo do seu caminho. E os velhos seguiam-lhe a passada, como quem observa a queda das folhas...ele ali vai. Sorte! Gritavam-lhe em pensamentos...e ele parecia ouvir. Passava pelos balcões das companheiras, pelas esquinas das suas historias e abraçava gente que se fez antiga. Amigos e amigas, velozes mas pesados. Vestido de negro descia a calçada e fazia sombra pelos passeios onde outrora, não muito antes, ria às gargalhadas com canecas cheias de tintos, de inverno e de verão. Ao som do trágico som do adeus engolia em seco e escondia lágrimas de indecisão. E agora? Gritava do fundo dos pulmões em silêncio, para si...para quem intimamente o ouvia. Mas as horas passavam e o último comboio não esperaria...por isso, lentamente, corria. As árvores curvavam-se à sua passagem...tinham testemunhado barbaridades com sentido...ele ali vai. E com leves movimentos abanavam os ramos criando-lhe um caminho de folhas secas. As estradas estavam vazias...um luto indemonstrável sobre manifestações de milhões...ele ali vai. E o último comboio assobiava, qual som anunciador, quais partidas (des)alinhadas aos destinos. Corria ao ritmo de pegadas forçadas, deixando para trás saudades inconscientes e carvão nas paredas escrito. Tinha de partir... De malas feitas à pressa, havia chegado o momento do desterro, outro...ainda outro. E o último comboio assobiava pela última vez. E nele entrava, sem olhar para trás. .........(...).........e porque o ambiente, de repente ficava muito sério (desculpem, foi mais forte que eu.. :D :D), colocava os auscultadores e, calmamente escutava:



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sleepless in Madrid

I am...sleepless in this particular moment...in this ever growing place...this gradually pompous city. Do miss the infinite capacity of creating attention for what I intend to pass on...to teach. A glimpse of old habbits, might I say. That's why I redeem myself on writing in Her Magesty's worldwide known form of communication. From this hotel room, all that surrounds me appears to have been put there on purpose. There's a utterly will to change it all, implicit on every move I've been taking the past few hours. Even this sudden nervously self inflicted form of expression, seems part of a third dimension. Where am I? I randomly decide on words. How about a y? And all these seldomly chosen letters dance in front of my eyes. Am I going crazy right now? Am I questioning myself? Am I even here? No answers...just silence. Only the rhythmical click of the heart behind it all. You can actually hear it...as if it were part... I recon it comes from within. From where all matters of the mind receive the reddish juice pumped again...and again. And there...the central circle of fundamental truths...lies the flick of reasons why...I can't sleep. Need a cigarret...cheers.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

(...) you son of a bitch...


Não me apetece escrever...
À minha esquerda passam imagens de um tremendo sentimento! Nada mais.
O dia está normal...como eu odeio o normal. Quem me dera ser banal e aceitar que a falta de notícias não é mais que uma boa.
Uma vez mais guiei por estradas repletas de gente...gente, sim gente. Parei e andei tantas vezes que me esqueci do que estava a fazer...e o sol ainda está a subir.
Apetece-me libertar-me através de um manifesto de desejos. Desejo...ser imortal. 
Não quero viver para sempre, pelo menos não aqui. Mas quero ser imortal porque só assim terei tempo para conquistar. E se fores já parte dos meus desejos...que a imortalidade o seja apenas enquanto aqui estás. Porque me amo! Porque te quero amar...só isso.
Desejo um gelado, com chocolate quente por cima. E um cigarro...porque não? Aquela sensação irreverente de fazer o que não se deve...como ontem.
Beber canecas e canecas enquanto se atiram beatas ao chão. Com conversas da treta que só interessam ao casal de cu(s)cos da mesa do lado. E fazemo-los rir, porque pensam que somos loucos.
Com aquele torcer de palavras gritamos palavrões em idiomas diferentes. Não sou de cá...qual vantagem de um alucinado. Com olhos franzidos, deleito-me com os olhares sorridentes que parecem querer parte de mim. É assim...e tenho a sensação que o será.
Por isso não me apetece escrever! Apenas absorver e responder! Usar os dedos para sentir, apenas, o que tens para oferecer. Algo diferente? Hoje? Ou o banal cliché da velha sentada no parapeito...então, tudo bem? Boa noite! ...e nada! Sorri, sem os dentes da frente.
Encolho os ombros e nada...apenas uns óculos escuros. Pois, está sol! Porra...e este queima pah!
Os que se foram de asas fazem falta por aí...até a cidade mo diz. Não por eles e elas, mas por mim, porque sou egoísta! E depois? Tenho tanto direito como tu! ...ou não? Se calhar não. 
Mas se a educação me faltasse agora...mesmo agora...gritaria como as peixeiras do bolhão! Usando palavrões pitorescos que nas suas bocas parecem convites à festa...e se calhar são. Mas da minha voz soam a surpresas feias...é...já sei. E então calo-me e sorrio com ar maléfico. 
Então escrevo, porque não me apetece...




segunda-feira, 2 de julho de 2012

Madrid...e eu.



Espreguiçado em lençóis de hotel, como quem dorme sobre nuvens de algodão, fui chamado pelo toque suave e bem escolhido do aparelho que me persegue enquanto trabalho, enquanto caminho e enquanto amo. Eram horas de recolher às azafamadas corridas de papel... Era tempo de exercer a força sobre as pernas que me carregariam até ali chegar, de novo, para sonhar.

Como morangos pela madrugada, saboreei o abrir automático das cortinas. A entrada de um sol estonteante vertia champanhe no chão de mármore da "habitación", refrescando-me a planta dos pés enquanto caminhava já, devagar, até à bacia de mel em que me banhava minutos depois. Conheces aqueles dias, secos, graves, sensuais, dias em que a luz te cega as ideias? Aqui é fácil senti-los...oh odes ao deserto que após banhado pela realidade te deita em areias circundantes. A cidade está aí no meio e o vento faz-se sentir no meio da multidão.

Olhei as portas pelo meio e retirei as vestes de mais um dia por terras de Aqui d'El Rey. Como numa cena de um filme do Bond, James Bond, rolei pelos lençóis até ao terraço e, rodeado pela sensação de quem é observado, queimei um companheiro de momentos sós, Camel...que aqui também há! Um vazio preenche estes momentos, antes do ataque a mais um dia de corridas aéreas e não só...há que fazer voar o mundo! 
Não tenho escolha, desço os degraus que neste palácio de um beije claro me convidam ao manjar de quem cedo madruga. São delícias espalhadas pelos quatro cantos do salão. O céu ilumina estes prazeres...e o sol já queima.

Em estofos de veludo encaminho-me pelas estradas cheias de concorrentes. Eu, como eles, aproveito esta pausa para sentir nos ouvidos aquele som cristalino que me transporta a casa, a momentos, a vidas.
De olhos serrados entro no coração da minha vivência por cá, onde me chamam Joel, Juan, Joáo, compañero,...e eu respondo...buenos días campeones!!! Com sorrisos merecidos, sou cortejado até ao meu posto, onde delego tarefas, encaminho ordens e, como se de uma fábula se tratasse, levo gente a voar. Voar, voar... E por vezes também eu sou alvo das minhas ordens e voo até às nuvens, onde me sinto em casa...casa.
Antes de nova pausa, encontro razões que me levam ao palco dos sonhos de alguns, tragédias de outros, choros de alegria e de tristeza. Local onde as mensagens são de amor, de amizade, de esperança...está espelhado na cara de todos...é lindo de ver! Daqui partem mentes que voam...e é onde chegam carregadas de histórias, minhas e tuas e deles. Aqui já me conhecem e sorriem ao ver-me passar. Oferecem-me pausas para café, qual bebida de Deuses por terra. Acordam-me com vontades. Por vezes sou convidado a voar. Convidado... Noutros tempos parecia tão longe...hoje não. Querem levar-me a terras distantes, mostrar-me o que ainda não vi. Chego a recusar, que loucura, mas sim, porque na terra precisam de mim...para que outros sigam...
Aqui? A noite não cai! Os jantares deste mundo são feitos ao sol poente...agora! Custa crer que o mundo gira. E a terra é quente, à noite, quando a lua teima em subir apesar do sol reclamar. 
Nas esplanadas, terraços, ao som envolvente de guitarras clássicas, servem-se líquidos frescos on the rocks, tipo filme de primeira...ao meu lado vejo a Vicky e ao seu a  Christina, qual rival Barcelona...
A escuridão da teimosa noite faz-se sentir, mas não pelo quente ou pelo frio, mas pela luz diferente. Soa a águas transparentes num oceano profundo.
Está então na hora de chegar a casa...a casa...num mundo de outros, onde encontro o meu. O meu refúgio entre tantos outros, onde sou atingido por holas e sorrisos de quem se habituou a ver-me ali.
E então encho o mármore do chão com vestes do dia, espalho-as pelos cantos onde vivo...aqui. Não me importo! Porque quando o sol nascer, um fantasma invisível virá desarrumar a minha montagem...qual amiga invisível que me segue os passos e na minha ausência, desfruta do meu espaço.
Debaixo de água, no refrescar desta história, relembro as minhas tarefas, os meus caminhos e as minhas saudades... Depressa decido se a escrita é esta...ou outra. E aqui estou, onde com sons calmos e carinhosos deposito a alma e a memória...aqui neste espaço, no Meu, Vosso...outer space.
Agora vou fechar os olhos e sonhar, comigo e contigo...e convosco. Até amanhã...vou voar por aí.