Fáceis são as gargalhadas da multidão ao ver as folhas cair. Esquecem-se que essas morrem, apesar da beleza. Servem de pavimento ao caminho estreito to Outono e amontoam-se aos pés do triste varredor.
Fáceis são os passos em forma de pés torcidos. Símbolos repetidos de uma corrida na praia atrás de não sei o quê, ou como quem foge da chuva. Fáceis.
Escrever uma carta com princípio, meio e fim. Atirar uma pedra ao ar, sem saber o que partir. Comer uma pétala de rosa, só porque sim. Fácil.
Fácil é sentir o sangue pesado, num pagode acentuado, à mesa de um jantar entre pares. Ou mesmo cair desatinado, aos pés dos cortinados e lançar gritos aos ares.
Mas o silêncio dos outros, os olhares de complacência...a ninguém, esses não. Porque hoje decido, ou não, estar mais triste, sem pedir que me socorram, sem deixar que me reparem, já nada disso é fácil. Não para mim, para o outros!
E então somos deixados, nós, os decididos. Atirados para cantos divididos. Porque a normalidade de um dia banal não pode, não deve, ser interrompida. Então há que sorrir...pois. Para não ferir a felicidade dos outros. Porque se vestes de azul, no dia em que vestires de verde abanarás o mundo...dos outros, então veste sempre de azul.
Tremenda imortalidade humana, tamanha falta de fé. Incongruência das incongruências, não aceitar que os outros caiam, com medo de cair também.
Deixem cair os anjos porque voaram demasiado alto, ou então deixem-nos voar. Deixem queimar as beatas de cigarros apagados. Deixem que se calem as bocas que falaram demais. Façam-no porque aceitam que há dias, em que o cómico prefere chorar, a certeza prefere duvidar ou a vida prefere morrer.
Vivam como querem, como sonham, como aspiram morrer...mas deixem os outros simplesmente Ser. Deixem os outros viver!
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