quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ballet pelo Mundo



As vistas daqui são redondas e redondos os cantos onde me encosto. De olhos fixos no chão sorrio baixinho e recordo passagens tortuosas por entre montanhas, praias, florestas e cidades. Oh, nostalgias amontoadas pelas terras por onde dancei e que passei a amar.
Fui capitão de navios, pequenos, de borracha e plástico...só, mas que atravessaram águas cristalinas e afastaram medusas venenosas. Ali, naquelas águas azuis profundas do Mediterrâneo, no centro de um mundo que chamo meu.
Fui piloto de corridas!! E de prego a fundo combati os ventos que pela Europa sopram...contei quilómetros infinitos, por horas perdidas, de dia e de noite. Com chuva, sol, tempestades e tormentas. Não tive medo! Era eu que comandava. 
Enquanto dormia, ao som do "pouca terra", atravessei países e gentes. Fui do Atlântico ao Mar do Norte, enquanto me serviam líquidos de Deuses...e a paisagem corria lá fora, qual LCD realista pregado na parede daquela carruagem.
Voei mais de mil asas e então aterrei no mar. Que aeroporto infinito, aquele Índico, cercado de atóis de areias brancas. E ali fiquei deitado a fitar peixes no paraíso e estrelas do universo.
Fui cowboy pelas areias do velho Oeste. Perdi-me naquelas milhas entre Estados, onde "filmam os filmes" e fechei os olhos em Motéis dignos de acções violentas. Ali, fui feliz entre arranha-céus, onde os passeios jamais ficam sozinhos. Cidade do centro, cidade fantasma dos sonhos de tantos. "Minha" grande maça.
Saboreei fumos de crenças "Rastafari", na terra do "Peace Man" Bob! E lá nadei em águas brilhantes, debaixo de tempestades, ao som do amor Reggae.
Benzi-me frente ao muro dos "outros", lamentei-me pela sorte que tive e cobri a cabeça pelo respeito ao próximo. Vagueei pela cidade velha, entre cantões e religiões, entre as colinas da terra santa, mágica Jerusalém. O deserto escaldou-me, enquanto fingia nadar no mar que não vive...risadas estúpidas por não me afundar. Vi onde Ele viveu e pregou, surrealismos sentidos.
E no berço do mundo agora descanso. Sem querer. Sem me aperceber que sou diferente. Respiro ventos húmidos e deixo cá o meu suor. Contribuo! Prefiro pensar que sim. Nesta terra vermelha escarlate.
Sonho com outras paragens, outras gentes, diferentes. E vivo isso de verdade...sem duvidar que lhes quero tocar. 
Agora, o Oriente espera-me, o longínquo! Onde o atlas termina, onde o mar separa o Este do Oeste. Vou finalmente! Ver terras de olhos deitados, de caracteres gatafunhados e gente pálida. Faz parte de um filme, de um sonho antigo, partir sozinho, sentir a terra do sol nascente.




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