terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tanque vazio



Olho para as teclas do meu PC e de seguida para os meus dedos. Já não tenho como. Quero escrever um conto, mas porquê? Para quê? Algures por aí, no tempo, aquele sentido deixou de se fazer. Bolas...e eu que gostava tanto, mas...carrego no teclado e sinto que caminho em areias movediças. Já não me sei exprimir. Parece-me tudo simples demais. Parecem mentiras atiradas ao monitor.
Quero contar-vos uma história, a minha história. Mas até essa deixou de se comprometer...nada espero, por isso não sonho. Isto é, sonho com os sonhos e deles nada retiro. É de um vazio que me incomoda, caramba. De alguma forma quero fazer-me chorar, mas perco antes os sentidos...porque já não sei chorar. E então arregalo as sobrancelhas e paro de escrever...
Sinto o sangue a cair destes dedos doridos e a tecla "delete" está gasta! Está tudo tão vazio, perderam-se as ilusões.
Recordo quando aqui chegava. Depositava tudo e de tudo um pouco. Mas agora as nuvens bloqueiam o sol e a noite já não me trás a lua...está apenas ali, outra vez. E as estrelas, oh...as estrelas, nem para elas olho. E todo aquele fervor e toda aquela esperança e alegria e tristeza e vontade e....sei lá mais o quê? Onde estão? E Grito GRITO!!!!! Porque nada sinto. Afinal. Mas porquê?
Quis perder-me numa só voz, um dia. Numa só estrela. Mas não me perdi. Ganhei, perdi, sei lá. Agora solto suspiros violentos que sabem a água. 
Ao meu lado estão janelas fechadas, de portadas fechadas. Portas fechadas, gavetas fechadas...e já não me pergunto porque não as abro...deixo-as assim, é mais fácil. O dia está lá por fora, ou mesmo a noite, já não sei nem procuro saber, mas estão lá...todos os dias. E todos os dias os (não) vejo...porque para ali estão...como eu.
E por isto (já) pouco escrevo. Porque (já) não sei...não o sinto. Talvez depois, quando houver conserto, qual concerto à meia-noite.



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