Tenho de vos dizer, sou um sonhador. Ok, para quem me conhece não é novidade, certo. Mas ainda assim... Seguindo a tradição do Natal, vejo-me confrontado com o sentido de família. Outrora relativo, este sentimento cresce à medida que o tempo passa. Qual de nós, por volta dos 16 (qual sweet sixteen) não achava enfadonho, uma seca vá, esperar pela meia-noite para receber um par de meias daquela senhora que, a um canto, entrava num sono profundo no meio da emoção do rasgar de embrulhos? Isto a dada altura, a "idade do armário", em que achamos que somos incompreendidos e, por isso, resmungamos. Com quem? Com a família! Preferíamos estar com os amigos e, claro, com as amigas! Mas porque é que não me deixavam estar com a Cristina, com o Pedro, o Jorge, o Luís, a Sandra e com tantos outros e outras que passavam pela mesma seca? Afinal, o Natal emana felicidade não é? Mas estávamos tudo menos isso. Depois? Olhávamos para as crianças, os putos, e viamo-los com um sorriso encantador que achávamos tudo menos isso. Estavam agarrados, sim, agarrados; Aos embrulhos, às caixas das barbies, dos matchbox, dos legos, com a certeza de que eram felizes! E eram.
Hoje olhamos para os putos, os tais com 16, agora substancialmente mais pequenos do que outrora pareciam, ou antes, pensávamos ser. Olhamos e sorrimos, eu pelo menos, sorrio. Parece-me voltar lá, ainda que por um segundo e compreendo-os. Ah sim, por isso sou um sonhador.
Com os meus 17 divertia-me a pensar como seria fantástico se as nossas famílias se juntassem na noite de Natal. A minha e as dos meus amigos. Assim o Natal seria perfeito. Mas logo via que não, não era possível nem lógico. As famílias eram numerosas na altura e onde juntar tanta gente? Ah, no ginásio do liceu! Porque não, cheguei a pensar! Tontices! Ou então, ou então duas fases! Isso, duas faces da mesma noite... Uma com a família e outra com os amigos. Sim, era isso! Até à entrega das prendas com a família e depois, depois grande festa com os amigos! Ah, ser livre e completo! E sonhava.
Mas, raros são os sonhos que passam disso. São sonhos e por isso assim permanecem. Como tal, Natal era com a Família, ponto!
À medida que o tempo passa compreendemos porquê. Embora devagar, chegamos lá. Muitas vezes porque encontramos aquela pessoa especial que passa a englobar nela os restantes amigos. E com ela, só com ela, queremos estar. Depois até conseguimos! Criamos a nossa própria família e fazemos a festa. É um ciclo!
Hoje compreendemos, a família é e será o núcleo mais importante das nossas vidas, tem de ser, deve ser!
Ainda assim, sonho! Acredito que em muitos lugares do mundo a "malta" une-se num momento pós-família, mesmo que com a presença desta, mas une-se e partilha a noite mais fantástica do ano (para mim, pelo menos).
Por tudo isto, ainda sonho com as duas faces desta noite! E este ano, porque sou livre, porque sonho, porque me sinto completo, fi-lo! What a Christmas!!!!!
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