quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Para quê olhar as núvens?

Em horas como aquelas, em que tudo parece possível, esqueço-me do passado. Parecem não mais que lendas contadas por um velho tonto qualquer. Tornam-se não mais que sombras de uma história vivida num livro para adolescentes.
Lembro-me pouco do tempo ou das horas, muitas, entre cada ver e não ver. Esses intervalos não contavam assim tanto, era como se tudo se resumisse a estar ali, naqueles momentos plenos de surpresas, fossem elas boas ou más.
Ali, esqueço-me das mentiras contadas ou das traições de gente malvada. Essas soam, ali, a espaços em branco. E por isso, deixo-me ir.
Procuro desenfreadamente um toque, um odor quente de Inverno ou uma brisa fresca de verão, no encostar de uma mão na outra. Nada mais conta que a sensação daqueles instantes. Passo a acreditar, de novo, que o universo faz sentido e nada acontece sem um propósito que ali me levou.
Lá, olho para as nuvens. Encontro nelas uma canção ou um desejo ardente.

Mas o desengano, de forma usualmente violenta, derruba-me o olhar. Deixa-me tonto, um louco embriagado que se martiriza por chegar ali. Uma insustentável leveza deita-me, de novo, por terra. Ou senta-me numa poltrona, ainda que nova e feita de ouro, que me recebe a cada queda. Mais uma e outra e outra.

Então, sim então, apercebo-me que não vale a pena olhar as nuvens. E não o digo de forma esbaforida ou sequer vingativa. Digo-o com a maior das ternuras porque já ali passei e cheira a um chegar a casa após nova viagem. Mas, é certo, não vale a pena olhar as nuvens.

Nada tem a ver comigo, em essência. Sou um crente inveterado, um romântico fanático pelas histórias que sonho. No entanto e sem planos, deixo o desgaste de uma idade vivida, tomar conta deste crescimento mais seco, ou frio. Perco, por permissão mas perco, a vontade de saber voar, nas mãos de uma nuvem qualquer. E deixo-me levar por uma descrença que já me afaga os sonhos à noite e que me impede de olhar para o alto, porque de facto tal sentido não existe.

Abstenho-me de emoções ardentes ou de olhares mais periclitantes. Sinto que cada vez mais me torno imune.

Para quê, então, olhar as nuvens? Já não faz sentido. Talvez o que eu queira seja, apenas, impossível.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

I wish I hadn't met you, but I'm glad I did.



Over clouds of cotton candy, sparkling lights and dancing stars. 
Talking gods on flying shadows. 
Creepy fears.
Wet goodbyes and crying cheers. 
Truthfull dreams on other men's nights.
Who could tell it? 
A universe closer to the darkness of the infinite. 
Who would say?
Story tellers die that way, knowing nothing but pure feelings.

Going where I go.
Breakfast waitings and shy smiles.
Funny jogging in the morning.
Buses, taxis and other conversations.
I haven't slept.
I wonder why.

Loosing sights and empty hours.
Oceans, roads and shopping centres.
...and the sunset,
painted in small boxes of memory.

Choices.

Cigarette lights, hotel rooms.
Cities and blinding nights.
Mountains, scarfs and other cosy touches.
Souvenirs, drivers and other people's laughs.

Tickets and mixed-up names.
I'm now someone else.

Sharing dinners after midnight.
Crowded moments.
Empty voices.
Friendly chats.
Little times,
 and scents of you.

Beautiful houses.
Diplomacy.
The picture never taken.
Calling me sweet.
Calling you at work.

Funny costumes.
Three world buildings.
Filled up pots that let us free.
Wish I could sing it right there.
Sing for you.

Fast sleeps and happy morning calls.
Sleepy juices.
Combined escapes.
Forced emeralds and Christmas families.

Hard climbs and shared prays.
Never ending views.
Pianos and fireplaces.
Day dreaming of that perfect day.

Corridors, schedules and conveyors.
Flying hours.
Waiting hours.
Lives unveiled.
Lost luggages in competition.
Fast goodbyes, skin to skin.

Watching you go.






quinta-feira, 16 de outubro de 2014

1, 2, 3...vou contar outra vez! (de um outro texto meu)












UM espaço vazio...é aí que estás,
com tanta gente por perto mas sem nexo,
um tempo perplexo à volta de um ser!
Aí estás tu e aí ficarás..até quando?
Sem veres que nas mãos te caem gotas incompletas de chuvas presentes, já é Abril.
Que pena chorar sem te ver partir
oh vento que voa na noite mártir.

DOIS momentos nos separam, o teu e o meu.
Fossem medos antigos ou frases perfeitas,
os nossos abrigos de portas mal feitas,
aqui estão!
Teimosias acanhadas por vozes sábias que me querem amar,
traçam caminhos outrora perdidos no meio do mar!

TRÊS ventos te perseguem, quais lobos "uivantes" no seio do quê?
Olham-te de lado mas nada te fazem com medo de amar.
Que vida perfeita a de um vendaval
que com força te deita no meu imortal.
Partículas de tempos me enchem agora de tempo que é teu.
Não vou nem olhar para esse colar,
que envolve o que me vais dar..

QUATRO alvéolas de sangue permanecem guardadas debaixo da pele.
Foram palmadas bem dadas
por chuvas passadas
sem nada deixarem.
Que caminhos imperfeitos as minhas loucuras que me fazem rir.
Oh gente malvada, que a chuva molhada vos faça partir!

CINCO histórias foram contadas
e aí relembradas
à volta de um ser...
que cenário montado
por nós torturado
só para te ter.
Assim vais...sem futuro ou verdade
que te embrulhe na face
de quem te quer ver.

SEIS cores circundam as vidas que sonham até perecer,
no vale deserto
de um mundo tão certo
do que se fazer.
Não vou conhecer as luzes do centro que me faz olhar,
mas sei as certezas
que sinto nas mesas
do nosso manjar.

SETE fortunas são as que me entendem ao cair do pano...
são calmas sensatas
providas de almas
daquele meu ano.
Foi aí que entendi que por mais que deseje,
por mais que lampeje,
tanto vem do profano.
Oh portas abertas convidem-me a entrar!

OITO encontros, pr'a sentir a pena de te conhecer..
sim, saber que existes
mas que me resistes
com todo o teu ser.
Vai cobrir com sonhos
os antros medonhos
que te querem comer!
E então verás, onde estou e com quem, para sempre sorrir.

NOVE horas à porta da casa que te vê chegar,
onde tudo acontece
mas tudo enfraquece
o meu desfrutar.
Sou homem e espero
saber o que quero
no teu divagar.
Mas lutas perplexas encontram os muros do teu mergulhar..morrerás?

DEZ partes de mim, são como um puzzle sem solução.
Mas rio sem controlo
porque a vida é um bolo
que corto com a mão!
Satisfaz-me saber
que mesmo a perder,
estou no teu coração!


domingo, 12 de outubro de 2014

Hora


Entre tons, sons, vagas de mares às cores. Entre histórias perdidas e outos sabores. Doem-me as gentes que amei.
Cumprimentam-se estranhas, abutres de vidas simples. Comem-me a carne já esbatida de esperanças, esperança maldita. Cortam-me os sonhos, aqueles sentidos que teimam servir-me sobras de mel. E lágrimas, infinitas, de um parco horror que visita estrelas sem brilho. Oh, azul de um céu fugido, dá-me espaço para sorrir.
E em cada gota que brota destas pálpebras, quais alpendres em dias de tempestade, retoca-me a alma que ontem fundiu. Fundiu.
A crença seguiu por entre a multidão. Uma unicidade cruel, a minha, tão repleta de faíscas. Já não há som que lhe valha, a este pedaço de gente vivida. Foi-se de vez, apesar da teimosia de um sonhador. Foi-se de vez. Sentimentos perdidos e achados que violentam memórias de quem me ensinou.
Então ontem vi-te e a ti também, de caras lavadas, entrelaçadas nos momentos de alguém, alguns. Pudessem eles sentir... Mas esta vida, carregada de poesia, premia os valentes cubos de gelo.

Eu Vi coisas. Terras tão distantes, de encantos semblantes. Vivi debaixo de chuvas celestes e enchi olhares de esperança. Florestas em fogo, estrelas cadentes. Eu Vi coisas.
Compreendi, mais tarde, que a inocência de um olhar inexperiente vale mais que o brilho de quem no céu tocou. O viajado assusta, o triste não. Porque tristes todos somos e outros tantos procuramos. Qual equilíbrio mal criado. Já não o reconheço.

Agora sim, percebo...porque me escondem as sombras, porque preferem dormir. De mãos dadas num parco qualquer.

Desculpem-me os de essências provadas...

Tempo de apagar, hora de fundir.