segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Some...thing


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Rir é obrigatório, ou nem por isso. (sátira às obrigações)



Dei comigo a analisar os meus próprios pensamentos e reacções. Como se uma terceira pessoa, qual espectador de um filme daqueles parados em que as conversas nos prendem ao sofá, analisasse as minhas conversas com os outros.
Há que forçar, ainda que não muito, para ser minimamente engraçado. As gargalhadas são atractivas, atraentes, sensuais, e todos nós nos sentimos gravitados pelos demais quando temos piada. Ou não, está bem, há quem prefira passar despercebido.
No entanto hoje, salvo as tais raras excepções de almas menos brilhantes, parece que nos vemos forçados a rir a bandeiras despregadas para que os momentos sejam conotados de um rasgado "gostei".
Também é normal, certo! Todos queremos passar um bom bocado....a rir. Sinónimo? Será...obrigatório?
Então somos traduzidos em linguagem piadética, analisados pelo que faz cócegas à mente.
Tipo, quase ninguém gosta de uma música triste porque lembra-nos episódios tristes, tipo Romeu e Julieta de um Shakespeare à beira do precipício. Então pomos música alegre, um sorriso forçado e fazemos um esforço para nos lembrarmos daquela anedota brutal que ouvimos uns dias antes.
Não digo isto como uma crítica aos maus hábitos criados pela necessidade atroz de ultrapassar as dificuldades da vida moderna. Não, nada disso, até porque há quem seja sorridente ad eternum. Espíritos livres ou libertos cujas fazes negras começam e acabam entre o despertador e o primeiro café.
Sei que estou a generalizar o individualismo, se assim o posso dizer. Mas quem passa um dia cinzento sem razão aparente e ainda que em boas companhias, perde o passo. Fica para trás. Torna-se transparente. Isto porque, das duas uma, ou tem um problema grave que facilmente dá luz ao interesse dos circundantes, ou então reprova. E ouve um igualmente transparente "queres falar"? Ou um "deixa-te disso" como se se tratasse de uma doença infecto-contagiosa qualquer.
Há, e quando digo é no sentido obrigatório da coisa, que ser intermédio, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Torna-se quase mandatório ser engraçado, sem cair em desgraça! E quem não for, fosse!



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ainda...

O problema é que não quero viver de meias coisas. Não quero ouvir falar do "quase lá". Quase...qual devaneio mentiroso dos conformados.
Como é que hei-de conseguir demonstrar? Passam-se as horas, os meses, até os anos...e questionam-me. Parece-lhes incongruente a minha solitária consistência. Começam a justificar a singularidade deste, com os gostos daquelas. Mal eles sabem...que para nós, inconformados, amar é mais que físico, carnal, é mais que satisfação ou companhia, mais que um gosto ou uma saudade. Não se trata disso, mas sim disso tudo e muito mais.
Não somos críticos dos (in)fundamentos dos demais. Não! Antes pelo contrário!! Sorrimos verdadeiramente com as paisagens repletas de gentes de mãos dadas. Mas não nos basta sentir o toque dos sentidos. Mas Magia...sim, magia na ponta dos dedos!
Até lá...inunda-mo-nos de orgasmos e paladares, salivas e sabores. Até lá...fechamos os olhos.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ballet pelo Mundo



As vistas daqui são redondas e redondos os cantos onde me encosto. De olhos fixos no chão sorrio baixinho e recordo passagens tortuosas por entre montanhas, praias, florestas e cidades. Oh, nostalgias amontoadas pelas terras por onde dancei e que passei a amar.
Fui capitão de navios, pequenos, de borracha e plástico...só, mas que atravessaram águas cristalinas e afastaram medusas venenosas. Ali, naquelas águas azuis profundas do Mediterrâneo, no centro de um mundo que chamo meu.
Fui piloto de corridas!! E de prego a fundo combati os ventos que pela Europa sopram...contei quilómetros infinitos, por horas perdidas, de dia e de noite. Com chuva, sol, tempestades e tormentas. Não tive medo! Era eu que comandava. 
Enquanto dormia, ao som do "pouca terra", atravessei países e gentes. Fui do Atlântico ao Mar do Norte, enquanto me serviam líquidos de Deuses...e a paisagem corria lá fora, qual LCD realista pregado na parede daquela carruagem.
Voei mais de mil asas e então aterrei no mar. Que aeroporto infinito, aquele Índico, cercado de atóis de areias brancas. E ali fiquei deitado a fitar peixes no paraíso e estrelas do universo.
Fui cowboy pelas areias do velho Oeste. Perdi-me naquelas milhas entre Estados, onde "filmam os filmes" e fechei os olhos em Motéis dignos de acções violentas. Ali, fui feliz entre arranha-céus, onde os passeios jamais ficam sozinhos. Cidade do centro, cidade fantasma dos sonhos de tantos. "Minha" grande maça.
Saboreei fumos de crenças "Rastafari", na terra do "Peace Man" Bob! E lá nadei em águas brilhantes, debaixo de tempestades, ao som do amor Reggae.
Benzi-me frente ao muro dos "outros", lamentei-me pela sorte que tive e cobri a cabeça pelo respeito ao próximo. Vagueei pela cidade velha, entre cantões e religiões, entre as colinas da terra santa, mágica Jerusalém. O deserto escaldou-me, enquanto fingia nadar no mar que não vive...risadas estúpidas por não me afundar. Vi onde Ele viveu e pregou, surrealismos sentidos.
E no berço do mundo agora descanso. Sem querer. Sem me aperceber que sou diferente. Respiro ventos húmidos e deixo cá o meu suor. Contribuo! Prefiro pensar que sim. Nesta terra vermelha escarlate.
Sonho com outras paragens, outras gentes, diferentes. E vivo isso de verdade...sem duvidar que lhes quero tocar. 
Agora, o Oriente espera-me, o longínquo! Onde o atlas termina, onde o mar separa o Este do Oeste. Vou finalmente! Ver terras de olhos deitados, de caracteres gatafunhados e gente pálida. Faz parte de um filme, de um sonho antigo, partir sozinho, sentir a terra do sol nascente.