domingo, 12 de outubro de 2014

Hora


Entre tons, sons, vagas de mares às cores. Entre histórias perdidas e outos sabores. Doem-me as gentes que amei.
Cumprimentam-se estranhas, abutres de vidas simples. Comem-me a carne já esbatida de esperanças, esperança maldita. Cortam-me os sonhos, aqueles sentidos que teimam servir-me sobras de mel. E lágrimas, infinitas, de um parco horror que visita estrelas sem brilho. Oh, azul de um céu fugido, dá-me espaço para sorrir.
E em cada gota que brota destas pálpebras, quais alpendres em dias de tempestade, retoca-me a alma que ontem fundiu. Fundiu.
A crença seguiu por entre a multidão. Uma unicidade cruel, a minha, tão repleta de faíscas. Já não há som que lhe valha, a este pedaço de gente vivida. Foi-se de vez, apesar da teimosia de um sonhador. Foi-se de vez. Sentimentos perdidos e achados que violentam memórias de quem me ensinou.
Então ontem vi-te e a ti também, de caras lavadas, entrelaçadas nos momentos de alguém, alguns. Pudessem eles sentir... Mas esta vida, carregada de poesia, premia os valentes cubos de gelo.

Eu Vi coisas. Terras tão distantes, de encantos semblantes. Vivi debaixo de chuvas celestes e enchi olhares de esperança. Florestas em fogo, estrelas cadentes. Eu Vi coisas.
Compreendi, mais tarde, que a inocência de um olhar inexperiente vale mais que o brilho de quem no céu tocou. O viajado assusta, o triste não. Porque tristes todos somos e outros tantos procuramos. Qual equilíbrio mal criado. Já não o reconheço.

Agora sim, percebo...porque me escondem as sombras, porque preferem dormir. De mãos dadas num parco qualquer.

Desculpem-me os de essências provadas...

Tempo de apagar, hora de fundir.

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