São os olhos! Respondo eu ao som de palavras repetidas. São os olhos...sinónimos de cliques intocáveis. São os olhos, de chocolate ou céu de madrugada. Um dos dois...mas com expressão! Já foram pretos, até verdes...mas não mais. São os olhos, pronto!
Sei-os centro de emoções...não sabem mentir, ainda que saibam...quando cerrados ou cheios de água. Já os vi grandes e pequenos, largos ou mortos, sim, de facto mortos. Hoje sinto falta deles.
Em tempos absorvi...observei. Fui alvo de fundamento sem questões. Eu explico...não nada disso! Fui olhado sem que me vissem...os olhos, mas a alma. Porquê? Porque o espelho do que se passa no mundo não se vê noutro lado...ou por outro, que não estes. Daí o clique...certo?
O homem é ser irreverente, cujo olhar descai... para Sul, um pouco mais....volta a subir e pára. Onde? Não sei...é generalizar o que não o pode ser. Depende! Se me perguntarem outra vez...digo que não sei. E aqui morre o debate.
Eu? Outra vez? São os olhos! Mesmo que não acredites...não quero saber. Não vou explicar nem padronizar as minhas escolhas. Sei lá...
E ainda me perguntam "porquê". Já olharam (por falar em olhos) bem para o mundo? Já pararam para sentir o olhar de alguém? Pois...agora não, está difícil. De olhos cabisbaixos andamos longe. Se a expressão do umbigo tinha validade há uns tempos...agora é condição. Cada um por si... Vá, no limite por mais alguém....a vida.
Olhar com procura, com verdade, expressão de estrela cadente...isso anda perdido. Por isso assim estou!
Porquê?...por isso!
Coloquem uma gota de suor numa face de apenas uma ruga....por onde seguirá esta? Mas coloquem uma estrela apaixonada no meio de um céu de estrelas cadentes...então aí, apesar de tudo, apesar de distraída, alguma contra ela irá. Por isso!
Como encontrar estrelas cadentes num céu enublado? O pavor de abrir os olhos e sorrir escurece um céu brilhante...Por isso!
E então, de olhos bem abertos, olho em redor. Absorvo...observo... Vivo num pequeno passeio onde o Carnaval é Rei. Onde se escondem, se fantasiam mil "olhares cadentes"...e por isso não os vejo. Por Isso!
São os olhos! E agora?
Agora, como estrela apaixonada, há apenas o sonho de não perder...isto é, de encontrar o caminho para a única estrela cadente que, para já, viaja no céu.
São os olhos! Não sei que mais...
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Chocolate quente
Estava no meio de uma divisão sem mobília. As paredes eram de uma cor branca azulada (daqueles dias sem grande noção de calor...mas parece que chove), estava sozinho mas não me sentia só. Quando olhei para sul, a parede parecia-me mais longe, como se não a conseguisse tocar. Depois vi a minha mão, estava ali, sem tocar em nada nem em ninguém...porquê? Porque espero? Razão? Não, nem tudo tem de ter uma razão! Recuso-me acreditar que sou culpado pela sua solidão. Pela minha? Talvez...mas assumo-a....a mão já não. O som desconfortável de fundo transportou-me para outra dimensão, esta....acordei.
Recordei por breves momentos quem estava ali, na minha cama, era eu. Tentei aceitar que era um hábito, dormir ali, na cama grande que me viu chegar cansado, após mais uma noite de incessante procura (não, não por isso...por aquilo). Ela reconhece-me e aconchega-me os pensamentos. Esteja eu com um sorriso de quem conquistou, ainda que por breves horas, a sua autorização para nela partilhar momentos; Esteja eu de semblante pesado, isolado nos meus desejos, abandonado pelo ar que me vê cair...ela ali fica, a aguardar que nela me deite ao fim do dia...sem cobrar.
Em breves segundos atentei ao meu respirar. Sem saber bem porquê não senti nada...não queria estar ali? Mas, queria, não naquele momento, mas ali sim. Começava o dia, mais um, de expectativa. Sem a distracção dos segundos que antecedem o controlo diário de quem foi designado a atingir tarefas, pagas, sim, apesar de tudo... Hoje não. O dia era transparente, sem o peso das cores despercebidas que vagueiam por todo o lado, fácil de compreender porque não há que actuar.
Pelo toque de um botão deixei a vida entrar. Subiam as persianas que me protegiam dos elementos e o quarto estava iluminado...a mesma cor do sonho, da outra dimensão. Estaria a sonhar de olhos abertos? Projectando um futuro tão próximo que era fácil aceitar? Seriam os meus sentidos capazes de deixar o corpo, passar paredes e prever segundos antes? Não! Mas naquele momento vi-me olhar para o mesmo branco, o mesmo sul, de mãos erguidas por um leve espreguiçar...e em nada tocava, nem em ninguém.
Senti o frio do inverno tocar-me levemente a planta dos pés...e corri para a caldeira, agora estou quente...o Inverno está lá fora. De olhos semi-serrados avancei para a luz, peguei num pedaço de bolo de aniversário e continuei o meu caminho.
Queria estar ali! Queria sim! Juro! Tantas vezes acompanhado sonhei com momentos sós...para me dedicar ao ócio, sem demonstrações de qualquer espécie, nem a mim, nem a ninguém. Sugaram-me o espírito, a alma, tantas vezes não fui eu, estive apenas lá. Agora, aqui, olho ao meu redor e estou vivo...tenho tempo, tenho espaço. Penso na época do ano, penso nos dias anteriores, nos que se seguirão. Vejo livros espalhados pelo meu esconderijo, papeis assinados, fios de pó, aqui e ali. Penso em vós, em mim e na mulher que me faz acreditar que (ainda) sou capaz de amar. Dedico breves segundos a decisões que não quero tomar e sento-me. Sinto incertezas, cobardias, arrependimentos por erros passados, mas ali estou. Breves momentos.
Decidi que dentro de 3 dias o meu esconderijo estará de um vermelho periclitante.Vou falar aos que me seguem a existência e nela se envolvem para me dar ânimo, querem ajudar? Vou elevar a Árvore! ...mais alta que eu... e nela pendurar sonhos, desejos, pedidos, queixas e chocolate. Porque a vida tem disto... Chegará o encanto do Natal e até ele passará, uma vez mais. Tudo passa...e nesse momento sorrio porque tudo se transforma.
Uma vez mais penso nela...mas não lhe falo, deixo-a estar. Não estarei preparado? Não sei, queria que fosse imperfeito. Queria que fosse o último primeiro beijo...mas certo, livre de pecados, livre de porquês. De olhos fechados peço-lhe que me perdoe, mas não serei eu a dá-lo, assim seria perfeito. Quero recebê-lo e se ela ficar atenta saberá quando mo dar. Estou pronto...ela não sei, talvez... Não tenho razões para que assim seja e arrisco perdê-la...não quero. Mas arrisco, porque de outra maneira não sei ser...e não quero actuar, quero ser livre e libertar. Ser amado e amar da mesma forma. Fosse este mundo plano e dizer-lhe-ia "gosto de ti"...e com a resposta dela viveria o resto do tempo. Mas não posso. Se assim fosse, a vida seria de chocolate.
O dia decorre entre leves entradas e saídas de dimensões diversas. Deitado no sofá, apoiado num mar de almofadas, adormeço entre gargalhadas vindas da caixa mágica. Escaldam-me as pernas onde com satisfação dorme a minha Jackie. Enroscada em si própria encontra facilmente posição entre os meus joelhos e ali fica, sonha e sente-se protegida...o dono está cá hoje...
E nada faço. Deixo passar o tempo, hoje não lhe aceno...deixo-o escapar e descanso. Volto a pensamentos de sonhos antigos. Imagino desejos antigos de solidão e o que com eles planeava fazer. Aventuras de comando na mão, controlo do tempo e do espaço, sem dar provas que não às máquinas criadas por outras mãos, idas ao ginásio, viagens sem sair do sítio, música...tempo, meu tempo. Já não...a inércia de ser livre apaga vontades prisioneiras e abre janelas de emoções novas.
É noite outra vez. É inverno e o dia acaba depressa. Uma música de fundo acompanhou o pôr-do-sol sobre a cidade, tão bela. Vejo a sombra das árvores ao meu lado, cobrem as escadas que me levam ao mundo, lá fora. Mas aqui estou...porque quero. Quem dera aqui estivesse, mas não lho digo, quero apenas que ela descubra que também quer. No meu esconderijo, ainda meu...ainda só meu.
Deixo que o dia acabe, espero por outro, esse já espreita e traz festa...pela noitinha, por quem me ama. Olho as estrelas e sorrio...e sonho...e espero.
Recordei por breves momentos quem estava ali, na minha cama, era eu. Tentei aceitar que era um hábito, dormir ali, na cama grande que me viu chegar cansado, após mais uma noite de incessante procura (não, não por isso...por aquilo). Ela reconhece-me e aconchega-me os pensamentos. Esteja eu com um sorriso de quem conquistou, ainda que por breves horas, a sua autorização para nela partilhar momentos; Esteja eu de semblante pesado, isolado nos meus desejos, abandonado pelo ar que me vê cair...ela ali fica, a aguardar que nela me deite ao fim do dia...sem cobrar.
Em breves segundos atentei ao meu respirar. Sem saber bem porquê não senti nada...não queria estar ali? Mas, queria, não naquele momento, mas ali sim. Começava o dia, mais um, de expectativa. Sem a distracção dos segundos que antecedem o controlo diário de quem foi designado a atingir tarefas, pagas, sim, apesar de tudo... Hoje não. O dia era transparente, sem o peso das cores despercebidas que vagueiam por todo o lado, fácil de compreender porque não há que actuar.
Pelo toque de um botão deixei a vida entrar. Subiam as persianas que me protegiam dos elementos e o quarto estava iluminado...a mesma cor do sonho, da outra dimensão. Estaria a sonhar de olhos abertos? Projectando um futuro tão próximo que era fácil aceitar? Seriam os meus sentidos capazes de deixar o corpo, passar paredes e prever segundos antes? Não! Mas naquele momento vi-me olhar para o mesmo branco, o mesmo sul, de mãos erguidas por um leve espreguiçar...e em nada tocava, nem em ninguém.
Senti o frio do inverno tocar-me levemente a planta dos pés...e corri para a caldeira, agora estou quente...o Inverno está lá fora. De olhos semi-serrados avancei para a luz, peguei num pedaço de bolo de aniversário e continuei o meu caminho.
Queria estar ali! Queria sim! Juro! Tantas vezes acompanhado sonhei com momentos sós...para me dedicar ao ócio, sem demonstrações de qualquer espécie, nem a mim, nem a ninguém. Sugaram-me o espírito, a alma, tantas vezes não fui eu, estive apenas lá. Agora, aqui, olho ao meu redor e estou vivo...tenho tempo, tenho espaço. Penso na época do ano, penso nos dias anteriores, nos que se seguirão. Vejo livros espalhados pelo meu esconderijo, papeis assinados, fios de pó, aqui e ali. Penso em vós, em mim e na mulher que me faz acreditar que (ainda) sou capaz de amar. Dedico breves segundos a decisões que não quero tomar e sento-me. Sinto incertezas, cobardias, arrependimentos por erros passados, mas ali estou. Breves momentos.
Decidi que dentro de 3 dias o meu esconderijo estará de um vermelho periclitante.Vou falar aos que me seguem a existência e nela se envolvem para me dar ânimo, querem ajudar? Vou elevar a Árvore! ...mais alta que eu... e nela pendurar sonhos, desejos, pedidos, queixas e chocolate. Porque a vida tem disto... Chegará o encanto do Natal e até ele passará, uma vez mais. Tudo passa...e nesse momento sorrio porque tudo se transforma.
Uma vez mais penso nela...mas não lhe falo, deixo-a estar. Não estarei preparado? Não sei, queria que fosse imperfeito. Queria que fosse o último primeiro beijo...mas certo, livre de pecados, livre de porquês. De olhos fechados peço-lhe que me perdoe, mas não serei eu a dá-lo, assim seria perfeito. Quero recebê-lo e se ela ficar atenta saberá quando mo dar. Estou pronto...ela não sei, talvez... Não tenho razões para que assim seja e arrisco perdê-la...não quero. Mas arrisco, porque de outra maneira não sei ser...e não quero actuar, quero ser livre e libertar. Ser amado e amar da mesma forma. Fosse este mundo plano e dizer-lhe-ia "gosto de ti"...e com a resposta dela viveria o resto do tempo. Mas não posso. Se assim fosse, a vida seria de chocolate.
O dia decorre entre leves entradas e saídas de dimensões diversas. Deitado no sofá, apoiado num mar de almofadas, adormeço entre gargalhadas vindas da caixa mágica. Escaldam-me as pernas onde com satisfação dorme a minha Jackie. Enroscada em si própria encontra facilmente posição entre os meus joelhos e ali fica, sonha e sente-se protegida...o dono está cá hoje...
E nada faço. Deixo passar o tempo, hoje não lhe aceno...deixo-o escapar e descanso. Volto a pensamentos de sonhos antigos. Imagino desejos antigos de solidão e o que com eles planeava fazer. Aventuras de comando na mão, controlo do tempo e do espaço, sem dar provas que não às máquinas criadas por outras mãos, idas ao ginásio, viagens sem sair do sítio, música...tempo, meu tempo. Já não...a inércia de ser livre apaga vontades prisioneiras e abre janelas de emoções novas.
É noite outra vez. É inverno e o dia acaba depressa. Uma música de fundo acompanhou o pôr-do-sol sobre a cidade, tão bela. Vejo a sombra das árvores ao meu lado, cobrem as escadas que me levam ao mundo, lá fora. Mas aqui estou...porque quero. Quem dera aqui estivesse, mas não lho digo, quero apenas que ela descubra que também quer. No meu esconderijo, ainda meu...ainda só meu.
Deixo que o dia acabe, espero por outro, esse já espreita e traz festa...pela noitinha, por quem me ama. Olho as estrelas e sorrio...e sonho...e espero.
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