sábado, 22 de junho de 2013

...e aos quadradinhos também se vive.

A verdade é que já não me lembro da última vez que escrevi uma página original, parecem-me todas iguais. Não porque usam as mesmas palavras, nem as mesmas canções. Não, nada disso, parecem-me iguais...iguaizinhas, quais gémeos vestidos a rigor. O sol nasce em cada dia, no mesmo ponto, no mesmo minuto, com as mesmas esperanças e os mesmos medos. E à noite, quando o breu se espalha pela minha existência e desmaio entre lençóis, o resultado é um espelho de tantos momentos, como que iguais.
Parecem espaços vazios na minha história...literalmente vazios.
Lembrem-se de mim, contam os mais profundos desejos do homem. Lembrem-se de mim. Contem histórias a meu respeito! Porque já fui rei, já lutei contra exércitos e não olhei para trás. No topo da montanha já ergui bandeiras e toquei trompetes que anunciavam vitórias...tantas.
Caramba! O  fumos da cidade acordada já me afagaram os passos, enquanto de laço dançava uma valsa ao som daquele violino, frente ao teatro onde os tenores cantam tristezas. Meu antigo amor...presente vazio, também tu. Lembras-te? E em areias saltitantes à passagem dos peixes maus, viram-me sentado à sombra de  uma folha de palmeira, segura pelas mãos de um selvagem.
Agora não. Acordo de olhos fechados, à procura de mais um sonho. Divirto-me com colegas de carteira, de outras escolas, de outras vidas...são minhas testemunhas de minutos sem quê. Parecem-me vultos de dedos acusadores. E o brilho, bolas! O brilho que reclamam de mim, porque sim! Ou porque não! O Tio que virou Principesco porque na praia cantou. A revelação daquela praia, daquela aventura.
Mas a mim...quem me explica a falta de originalidade deste homem desabrigado? Sim, porque se abrigados fossem os seus dias nada mais queria de si. Mas ainda quer o Mundo! Sem saber como ou porquê. Ai está!
Esqueci-me dos invernos de outros tempos, aliás, esqueço-me rapidamente, facilmente até, que a escuridão já foi fiel amiga. E que sou normal, Ui! Isso não, ou até sim, porque não? Talvez...não! Decididamente e outros tantos 'mentes, ainda cresço ao segundo! Tipo aqueles miúdos que escolhem os cadernos no hipermercado para o primeiro dia de aulas! Assumo-o. Então tudo parece florir. Não é fácil.
Alguém escreveu um dia uma canção que canta sobre promessas vãs. E reclama que o avisam que o brilho desvanecesse, que a idade trás a calma do espírito e que as cores acinzentam a vida. Mas não acredita. Porque tal como ao Vinho do Porto, minha cidade e meu canto de fuga aparente, o tempo não acusa velhice. E a criança não vai deixar de correr. Mas somos tão poucos, Porra! Tão poucos! Saudosismos à parte...o levantar do avião ainda me faz sorrir. O azul das cadeiras de veludo ainda me parece luxo e os olhos de uma mulher são símbolo de beleza, única e transparente.




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