quarta-feira, 20 de novembro de 2013

...e (já) não há tempo para sofrer por amor

Estou incluso num tempo de paz
e falta-me a vontade de ser herói.
Embora aguarde o que o tempo me traz
encolhido atrás do que o tempo me faz,
forço por esquecer o que o tempo me dói.

Felizes aqueles cujo tempo acabou.
Deu-lhes asas antigas em corpos coloridos.
Relembra-me a história que há pouco secou,
com frases finais sobre aquilo que sou
de olhos fechados aos momentos sofridos.

Quero entrar em desespero proibido.
Gritar e chorar pelos cantos daqui.
Mas no fundo não passa de um livro já lido,
de histórias simples sobre um tempo perdido,
entre prédios caídos onde vivo p'raqui.

E por todo o calor que ainda tenho p'ra dar,
deixem-me respirar, não me tirem a dor!
Vão-se aqueles que me proíbem de chorar,
é que toda a lágrima faz parte de amar.
Porque quero ter tempo p'ra sofrer por amor!


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Tragedy...



There's a tree by the end of that road, you see? And it's like knowing that, one day, I'll crash against it...with my 66 GTO... And I'll tare it down...and my life with it.
No reason, just pure tragedy.
And I'll look back, at that very instant...and see it all.
The center of the world, my dying wishes, the sents of my favourite Yous, the shape of my heart,
my mother's face...and the future I still don't know. Memories of You...maybe.

I don't want to loose you...but I did.
But I don't want to loose you...though you're gone.
I can´t loose you, I'm out of my mind...but you're not there.

I crave to say I'm sorry, but I have nothing to say it for...
I had to come, you see? To foreign lands...and leave you be.
To build this life...a better one, to show you for...
So forgive my not kissing you, forgive my staring, the scared child in me.
I remember dreaming about your hair in my chest. Fuck! I'm trying not to care, but I know better.

Broken glasses are now my floor,
and shapes of despair...my dying thoughts.
Chattered movements in freezing waters...my present days.

To make you my Queen, oh Queen of mine, would be my gold.
To share your books and then to die...it'd be worth a thousand lives.
To see you smile upon my life, would buy my memories of Eternity.
And nothing else could come around, to make this boy a better man!

But time goes by and you're not there.
You've given hands, for my despair...
You've walked a walk I do not care.

Who's the shadow next to you? Does it paint your present blue?
Does it make your dreams come true?

If it's the spirit you've long pursued, then I'll die far...away from you.
And mirrors of shame will make the world forget...

But if a second of your day, still gives you time to read my prays...
then I am here,

oh darling You, to make it true...



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Libertar




Pausa. Uma decisão perdida no tempo. Desacelero a respiração. Tudo à minha volta serenou. Tempo de unir os calcanhares...deliberar sobre as gavetas que me rodeiam. Em cada uma está cada um...cada uma. tempo de as fechar. Até o mosquito que teima provar-me, bate as asas lentamente. E crio tempo para mim...
Decisões. Olhar para trás e relembrar todas as decisões, mal amadas ou eternas paixões...escolhas. Apagar, "delete", "Shift+delete"...olhar à volta e planear.
Estou inerte, num tapete rolante de um aeroporto. Passam por mim manequins de olhares perdidos e a câmara filma-me à contra-luz. Não me mexo. Fecho os olhos e quase não respiro. Não preciso.
Aproxima-se a poltrona da sala de espera. Sons irradiam de pequenos altifalantes...teclas de pianos afinados acompanham este cortejo. Terminar com o passado. Eis novas faces, novos risos e sorrisos...ainda agora começou.
Aquela cativa tinha-me cativo. O vento roubava-lhe aquele caracol, era o o meu...e morreu. E beijos naquela cave de música, olhares ternos e "nãos", tantos "nãos" terminados em lençóis. A morte de um sorriso ao fim daquela tarde, porque vozes passadas se ergueram. Gritos de desespero pelo erro de amar, erradamente. Tudo isto deixou, nesta pausa, o sentido.
E naquele tapete de encontro ao negro fosco daquela poltrona, cai o cigarro da manhã...tão valioso que mata, qual sabor ao veneno de Shakespeare. Cai chocolate de leite, em árvores pendurado...invisível. Caem cabelos longos, desdenhados, desgrenhados de um cinzento gasto, velho, cansado. Caem lentes e canetas de cor... Ali estarão para o lixo os apanhar...Passado...Futuro.
De leve tacto sente-se o couro. Poltrona gasta de sonhos, eis-me ali sentado. Refaço-os, não pendentes ou reabertos. São novos, desmedidos, destemidos. Chega de abutres memórias, inconstantes "sins" e violentos "nãos". Mas porque de aspas vivi, relembrando cada momento. E daí o cansaço. A perda do medo, da responsabilidade sempre presente que esmorece os berros, risos, sorrisos e...felizes tarde ao sol, de corpos banhados, nus, excitados.
Quero sonhar com campos abertos, sem nada a perder. Quero beijar mil bocas sem me arrepender...provar sentidos de ser, gritar planetas em paz. Sentir o trigo nas mãos enquanto desafio a gravidade, de pés descalços e olhar em volta àquela luz. Sem pesos...de asas abertas à consciência. À minha consciência, de mim.
Quero gozar com fantasmas, bruxas desunhadas. E com elas por terra, não olhar para trás, jamais. Levitar sem segurança, ter fé e nada mais. Fechar os olhos à muralha, trespassá-la como fumo e confundir-me com as nuvens. Ser o meu centro e nada temer.
Chega de felicidades alheias, de tempos passados, de queques furados. Parem as comportas do sal. Encham de sangue o coração, façam-no tremer, atirem-no ao chão e livrem-se dele...só assim. Transportem vestes simples e olhos abertos de quem vê...verdadeiramente. Soltem-me as cordas que me agarram ali e ali...e ali. Solto-me, agora...porque me lembro de mim.