quarta-feira, 16 de março de 2011

Vidas "particulares"

As vidas diferem! Somos almas trabalhadas, com história, com histórias. Somos resultado de momentos particulares que nos alertam e nos moldam o pensamento. A nossa forma de estar, de ser, atravessa realidades únicas e muitas vezes incongruentes. Acima de tudo, tornamo-nos fortes ou fracos, alegres ou tristes, consoante o momento em que decidimos, ou não, actuar.
Planear acontecimentos não é para todos. Aqueles há que, apesar de não conhecerem o futuro, apetrecham-se das mais inocentes armas para combater as incertezas do caminho. Tornam-nas certezas! E, como tal, conseguem manter-se numa linha condutora traçada por eles mesmos. São felizes...há sua maneira. Planeiam, actuam e o resultado é o esperado. Apesar das vississitudes do presente, devagarinho, conseguem-no. E continuam.
Outros, incapazes de chegar a bom porto apesar dos planos de viagem, desprezam o sabor do destino. Observam os acontecimentos e são atirados borda fora do navio. Então deixam-se afogar...uma vez e outra. Mas vão indo. E a praia, se existir, há-de chegar.
Há ainda aqueles que desistem, porque não? Parasitar pelas avenidas tem mais, muito mais liberdade. Defendem-se da sociedade com recurso ao que os faz voar. Perdem valores, intenções e capacidades...mas respiram, até um dia.
Os que não traçam planos, os sonhadores, deixam que a surpresa tome conta. Às vezes bem, outras vezes mal, são surpreendidos por momentos de alegria...ou, desespero. Mas adaptam-se. Deixam-se estar e algum vento os há-de levar.
Sim, assim os vejo. Não gosto de me incluir em nenhum deles...sou todos.
Saboreio a insultentável leveza do particular.
Planeio chegar a bom porto, reuno as armas para a luta e aí vou eu. Sou atirado à água violentamente...mas quando abro os olhos estou noutra praia. Pronto para regressar à luta, olho em volta e então desisto! Desisto de lutar por esta mesma causa porque encontrei outra melhor, feita à minha medida, paradisíaca. Um amor vizinho numa terra distante, um bom emprego em época de crise, um amigo no deserto, um momento quente no meio do gelo.
Valerá a pena para aqueles como eu traçar planos? Sim, decididamente sim! Porque conscientemente aceito que à meta poderei não chegar. No decorrer da luta serei atirado ao ar, mas quando cair, olharei em volta e noutra batalha estarei. Com novas armas, com novos adversários, com novos cenários. E assim luto. Alcanço sonhos perdidos no tempo, sou levado pela vida e aceito-a, porque sempre, sempre, me traz aqui.
Queres vir comigo?

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