segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Estados de espírito



Dentro de um pequeno espaço, onde tudo acontece, rodam vidas perdidas e outras abertas aos sons do fatal. Socialmente distorcidos, carecem do veneno que com tudo termina. Flores que andam e bocas que tremem...como florestas que ardem no horizonte longínquo. 
Cantam-se coisas e contam-se temas de portas fechadas e corredores frios. Banquetes azedos com cores derrubadas. Por ali passa a podridão de alguns e o cristal da maioria.
Recordam-se medos no centro da cidade, onde o calor aperta o gatilho de quem quer roubar. Mas voltam e acendem cigarros baratos com diesel estragado. Buracos pelos caminhos de todos! Feridas cosidas à mão.
Os arco-íris ali começam...mas ali terminam, nos potes de ouro invisível. Parecem baixos os valores dos mosquitos...já não picam, porque o sangue escasseia.
Os bares cantam baixo, canções vagarosas e por ali se sentam. Até que com beijos violentos caiam as noites. Estrelas cadentes, mentiras desertas. Assim vão os espíritos, assim são os Estados.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mensagens




O essencial de cada experiência de vida comporta um peso de herança. Como que envolvidos pela necessidade de passar aos outros o conhecimento, vivemos intensamente cada momento...não todos...mas o importante é partilhar. Cada um transporta um livro! Alguns têm folhas carregadas de tinta, outros passam por aí sem nada escreverem. Não importa, mas a continuidade de cada um é intrínseca ao seu desejo de mais...e mais, muito mais. 
Por isso descrevemos histórias, deixamos mensagens... Queremos contar! Por isso faço-o com música, textos, imagens...e olhares! Ainda vou contar que sou feliz!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Percepção



O repasto foi calmo, menosprezadamente alegre. A conversa feliz e despreocupada. Com todos os des adjacentes à falta de gravidade. Sim, é isso, levitava-se ali. Nada nem ninguém tinha aquele olhar de stress desaventurado de quem quer (necessita) contar e não pode…ou não quer, ou não sabe. Nenhum dos presentes falava de si. Havia uma violenta conotação altruísta na conversa.

Os assuntos eram leves e piadéticos, sim, piadéticos! A palavra não soa bem, mas não há forma de melhor descrever o teor daquelas relações. Éramos uns quantos e tudo soou bem.

Senti, como quem bebe água após a travessia do deserto, uma frescura comprimida num gole directamente da fonte. E bebi. E viciado fiquei naquele líquido dos Deuses.

Cantava-se também, fados e perplexidades em outras línguas. As violas derretiam ideias e nada, mesmo nada, havia a comentar…era como…a agulha de um gira-discos na parte lisa do LP após a última música.
Como refutar caminhos simples e sem peso? Posso usar sapatos de sola baixa sem meias, camisa por fora e calças rasgadas. Nada influencia o olhar que não o outro olhar, quais paixões enternecidas e sem contas por pagar.

Por ali, percebi.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Inspiração...e falta de letras.

...começo a achar que deixei cair algures a inspiração. Devo ter usado uns calções com o bolso furado. Por outro lado não, ou nem por isso. Ando a trabalhar um bocadinho menos...por isso devia aproveitar para escrever. Mas aí está...não.
Estou quase a ir. Deve ser por isso. Estou quase a partir. Se calhar uso o meu tempo para pensar nisso, sem decidir o que quer que seja, muito menos escrever. Dedico-me a falar, porque me querem ouvir e ver. Os últimos dias, desde que aqui estou, têm trazido surpresas, quais caixas de mola com palhaços venezianos. E farto-me de rir! Gente nova e gente velha. Gente gira e menos feia. ...estou bem...se calhar é por isso. A tragédia não está interessada (pelo menos...) e, lá está, farto-me de rir. E rir interrompe a escrita...é. Deve ser por aí...
Vai daí, desculpem a ausência de letras.
Estou quase nos 100 posts. E a visualização desta meta dá que pensar, não que escrever. A falta de lógica disto enche este universo de razão! Até ao próximo post...



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Soldado em Paz


O que posso hoje fazer? Pergunto alegremente à colega do lado. Que me vais ensinar? É que eu parado não sirvo…nem mesmo para mim. Tenho ainda o peso da noite anterior, e o sangue intoxicado de prazeres suspeitos, por isso os olhos enganam. Mas diz-me, que vou eu aprender hoje? Dás-me um bocado do teu saber?
Sou soldado, sabes? Habituado à linha da frente. Onde as horas passam sem contar e os dias acabam com a velocidade de um beijo. Esta paz deixa-me perplexo e anseio novas guerras. Fui ensinado a batalhar…é isso, a batalhar! E esta paz cansa-me.
De ombros encolhidos respondes-me que outras guerras virão. E ali irei acordar. Que descanse agora, aproveite o momento para observar. A paz também ensina e aprende-se a dormir com ela. Pois…parece que o mundo parou, não é?
Sim, agora só os segundos contam. Preparam-se os conflitos…nos campos de batalha. Já fui convocado e os generais querem-me, uma vez mais, na linha da frente…qual coronel de família de espada elevada no meio da gente.
Por isso descansa, dizes-me a sorrir. Precisamos de ti lá na frente…mas não agora…daqui a pouco. Por isso descansa.
Esta pausa é curta…e mesmo assim infinita. Os dias compridos e as noites intensas. Mas agradeço o conselho que alegremente me dás. Vou fazer o que dizes e disfrutar desta paz.