quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Percepção



O repasto foi calmo, menosprezadamente alegre. A conversa feliz e despreocupada. Com todos os des adjacentes à falta de gravidade. Sim, é isso, levitava-se ali. Nada nem ninguém tinha aquele olhar de stress desaventurado de quem quer (necessita) contar e não pode…ou não quer, ou não sabe. Nenhum dos presentes falava de si. Havia uma violenta conotação altruísta na conversa.

Os assuntos eram leves e piadéticos, sim, piadéticos! A palavra não soa bem, mas não há forma de melhor descrever o teor daquelas relações. Éramos uns quantos e tudo soou bem.

Senti, como quem bebe água após a travessia do deserto, uma frescura comprimida num gole directamente da fonte. E bebi. E viciado fiquei naquele líquido dos Deuses.

Cantava-se também, fados e perplexidades em outras línguas. As violas derretiam ideias e nada, mesmo nada, havia a comentar…era como…a agulha de um gira-discos na parte lisa do LP após a última música.
Como refutar caminhos simples e sem peso? Posso usar sapatos de sola baixa sem meias, camisa por fora e calças rasgadas. Nada influencia o olhar que não o outro olhar, quais paixões enternecidas e sem contas por pagar.

Por ali, percebi.

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