quarta-feira, 3 de julho de 2013

Espaço vazio.


De horizonte desfeito, a caminho de ninguém, os passos seguem outras passadas de vagabundos perdidos. Oh que vontade de desaparecer, para onde as ondas deixaram de ondular, onde o vento há muito não sopra, para aqueles lugares onde nada importa...quais meios sonhos encravados em memórias de quem deixou de dormir.
Que parem as histórias, não merecem ser contadas. Interrompam a marcha dos comboios e façam aterrar os aviões, calem os cães da vizinhança e adormeçam o choro das crianças. Faça-se silêncio. Ali...não se canta o Fado, nada se diz ao passageiro, é deserto de morte...sucata de corações avariados.
Um rio de águas paradas, vermelhas escarlate, imundas e infectadas, não passa ali...apenas ali está, onde outrora nadavam peixes prateados de asas nas costas e peitos saídos. Um rio que já não chega aos oceanos, não o ouves? Está morto.
E ali...naquele silêncio, sem olfacto e de cara tapada, o vagabundo deixou de correr. E ali...está. De espaços vazios, espaços usados, carrega vãs memórias do que foi, do que fez...quais filmes mudos de uma realidade paralela. Foi...e não voltará.




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