sábado, 13 de julho de 2013

O que quiseres









Sabes? Eu vivo num sítio onde quase tudo acontece. O lixo amontoa-se pelo chão à beira das poucas valetas mas os pássaros são de um laranja incandescente. Fala-se uma língua rápida, bonita e viciante. Os cães vagueiam pelas ruas e procuram refúgio por baixo dos cantos deixados pelo homem. Assim partilho tudo o que sou. Alegre, bem-disposto e ás vezes melancólico...com tudo isto.
O tempo passa e os sonhos ganham formas diferentes. Já pensei correr atrás deles, mas as rugas do caminho são incontroláveis e, aqui, tudo acontece de mãos abertas. Engana-se quem pensa controlar o destino (no qual deixei de acreditar).
Os sons do meu iPod valorizam o abrir dos olhos, pela manhã. Tropeço em expectativas engraçadas. Será hoje? Ou talvez não...até nem importa. É isso mesmo, já não importa. Estou algo cansado de teorias...aqui não se aplicam.
Queres mesmo saber? Os valores estão lá, dentro de cada um e não vão a lado nenhum. É com eles que EU vivo. Tudo o resto são consequências de actos pensados, ou não, mas que moldam cada dia.
Ainda acho uma certa piada ás reacções valentes, ardentes mesmo, das vítimas de si próprias. Dizem de si, contam premissas pelo ar, numa tentativa de auto-compreensão. Depois admiram-se que a mensagem, trabalhada pelo próprio vento e em permanente guerra com a percepção dos demais, torne-se mal conceptualizada por ouvidos que nada de mal têm no seu centro. É isso, só isso. Nada de mais.
Era hora de ver que estamos entre os nossos. Somos pessoas e temos a liberdade de fazer o bem, ou o mal, mas temo-la...à liberdade de agir conforme aos nossos temperamentos irregulares, trabalhados por esta forma de estar...perto ou longe.
Eu aqui fico. Sem grandes esperanças. É que cada segundo traz-me novidades...e as vontades loucas desta manhã dão lugar a outros sabores, novas cores, amores e dissabores. Mas sem medo. No final do dia, se olhares bem para cima, as estrelas de ontem ainda lá estão...apesar de tudo.




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