segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mea culpa.

Sinto-me abençoado! Sim, de facto...abençoado. Se lançar um olhar às minhas memórias, depressa me apercebo que nada tenho a reclamar.
Sofri, sim, como tantos outros, mais que uns e menos que outros tantos. Mas ainda aqui estou. Cheio de planos, apesar de tudo! Cheio de...coisas. Aquilo que nos faz ser.
Não quero falar do meu passado, muito menos do futuro mas...sou o que sou porque fiz o que fiz! Sim, também porque não fiz o que não fiz...sabe-se lá porquê. Por minha inteira culpa cheguei aqui.
Ok...podem dizer que também me trouxeram aqui...tipo, aquelas coisas que achamos que não dependem de nós. Livre arbítrio de terceiros que choca com a nossa existência e que, por tabela nos faz dar curvas. Certo...! Mas eu, não tu, ou ele ou ela, eu...sou o produto das escolhas que EU fiz, mesmo quando outros me condicionaram o caminho. Fui eu que decidi abraçar, evitar, destruir ou mesmo engolir cada obstáculo!
Quero agora continuar a sonhar. Atingir sonhos? Não! Sonhar apenas! Porque cada sonho nos leva em frente, mesmo que na direcção oposta. E se sonho com a praia da direita, provavelmente encontrarei a da esquerda e nela serei feliz!
No entanto, os sonhos distraem-me e "obrigam-me" a desperdiçar tempo. É natural! Se quero comer um bolo porque tenho fome (ou gulodice), concentro as minhas forças no momento em que chego, peço, trinco e saboreio. O resto? Desculpem? Que resto? ...ah, o homem que tocava violino no metro...não o (ou)vi. Ou...o momento em que o sol escapou à nuvem e me obrigou a serrar as pálpebras...quando? UAU, tudo isso? Mas...o que eu queria mesmo era o bolo...e paguei-o com momentos, que perdi... Não, não são obrigados a concordar! Chamem-lhe um devaneio... mas é o meu. E por estas perdas...minha culpa.
Os objectivos bloqueiam-me a visão do resto. Também não admira, se me concentrar nas variáveis...em todas elas...tudo passa a ser incerto. E como posso viver assim? O facto é que acho que dependendo também dos outros e esqueço o imperativo humano. A variável percepção do outro...impossível de racionalizar no momento..porque não tenho acesso momentâneo às suas considerações.
Passo a carregar um fardo pesadíssimo! ..as minhas decisões, consequentes reacções, os obstáculos do meu caminho, as decisões dos outros, os obstáculos na vida de quem amo, o meu passado, os dos outros...sobra tempo? Não sei...
Depois vem o medo. Que medo... Não posso ir por ali senão ainda fico debaixo de um tambor voador lançado a milhões de quilómetros de distancia e que um tornado, sabe-se lá porquê, resolveu apontar directo a mim.Ui, isso magoa! Impossível? Não! Não há impossíveis porque tudo acontece, ainda que não a mim mas...a minha vida não dava um filme? ...e nos filmes tudo acontece...aos outros. Mas a mim também, porque sou um deles.
Quero como tantos outros um colchão de segurança que não me deixe cair, ou magoar. Esqueço-me rapidamente que sou um animal racional e tenho...não, não tenho...posso, viver fora de um colchão de possíveis, mas não o faço porque receio os impossíveis!
Esqueço-me do "quero" e concentro-me no "posso"...evitando todos os medos, o que pode correr mal, porque a cobardia é-me natural. Afinal...sou humano e conheço a dor. Deixo então que ela me limite o caminho.
Cansado...

Queria esquecer tudo! ...que sei a dor, o que representa e o que dói. Porque assim a minha cobardia não tinha sentido. Porque assim não era humano, apenas um homem a aprender, sem medo de ler o presente e sem considerar o futuro... Aprender, aprender tudo...mas sem medo, porque não o conhecia.

Fiz dos sonhos dos outros o meu passado...e ainda assim tenho medo de viver. Mea culpa!

Sem comentários:

Enviar um comentário