sábado, 8 de setembro de 2012

A Cidade


Fácil é perguntar...ou arriscar dizer do que não se gosta. Fácil é tremer a boca quando a saudade aperta. Fácil sim, fácil respirar quando o sorriso apaga a visão destemida. Para quê arriscar? Os sofrimentos antigos, as feridas abertas! Vales vermelhos como rios de lava de vulcões eternos. Fácil sim, fácil. Decidir que não e deixar que sim...
Pelas calçadas ainda vazias, caminha-se porque sim. É ali, foi...ali. E então ali se fica. Há o resguardo, conhecem-se as lombas e evitam-se unhas encravadas. Ali! Porque ali, o desamor não dói. É hábito de tantos...e tão poucos.
Sou culpado! Não posso deixar de o dizer. Sou! E não, não mais pelo que fiz... Mas porra, pelo que não fiz. Não são arrependimentos, longe disso. São desatinos carregados de sinos na entrada da catedral! A mente conhece os passos e o corpo deseja outras peles. Saudades de uns sorrisos, marotos, calçados de beleza.
Mas os trajectos vagueiam, por ali. Por onde tudo passou, pelos bens e pelos males. Pelas covas e jardins de gente. Onde andam agora os lixeiros? Apanharam tudo, desfizeram histórias que ali se fizeram! Sorrio depressa e baixinho. Sorrio sim, porque os trajectos de tantos, ainda, por ali passam. São felizes, ainda que não o saibam.
Conversas recentes alertam verdades...és de cá? Sim, sou de cá! Mas venho do leste, por aqui passeio a caminho do Sul. Sol! Sou de cá, mas venho dali, estou por aqui e vou para acolá!
Que trajectos são esses? Pois não sei! Sonhei com asas e sombras mas eram de chumbo porque esta terra me queria! Só a terra! Isolado naquilo, era eu que fechava portas e janelas a quem me quisesse! Sim, era eu, porra, de novo!
Saudades do que não disse, saudades do que não fiz. Mas por isso sou feliz.
E não, não há longe nem distância, tudo é tão perto, basta querer!
Foi assim que os sonhos, após tantos momentos, me comandaram a vida! Sonhei com presentes amorosos, criados por manias... E que erros furtuitos. Metas tão certas por caminhos tão errados. Comandam-me agora as penas de uma certeza, deixei de querer, passei a viver.


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