terça-feira, 16 de outubro de 2012

vidro partido



E ele deixou de mostrar aos demais...o que quer que fosse. Para quê? Impossível seria compreenderem! Assim foi e aconteceu.
Sozinho no mundo e para o mundo. A dependência de si. Deixou de viver de ti e das ideias dos outros. Como um apátrida em viagem, procura cantos ao sol para florir junto ao mar. Sozinho.
Cada caminho é simples, vazio ao primeiro olhar. Caminha...segue-o apenas o fantasma da sombra que teima em estar ali.
Nada a ver, nada a mostrar.
Perdeu o medo de cada esquina. Olha a escuridão com prazer mórbido...jura que sim. Juro que jura...que sim. E sem medo de morrer sozinho assusta os outros, por isso...
Há muito que vive em hotéis. Encostado à porta do quarto que não é dele, amigo do extintor. Naqueles corredores olha para trás, para um passado que já não conhece...e sorri-lhe...e naqueles cantos senta-se e espera por...mais?
É regular em quase nada. Observa a monotonia dos outros e esta escapa-lhe por entre as multidões.
Anda solto e vê a vida como um livro...com folhas rasgadas, queimadas.
Pela madrugada, por vezes, fuma para o céu...como que esquecido por tudo e também por todos.
Cometeu erros mortais! Se calhar pelo hábito. Mas não sentido, quer arriscar. Vive.
Olha o horizonte...sozinho. E a água ali permanece inerte...como ele.
Porra!..exclama vigorosamente. E se ali estivessem? Não quereriam! E gritam-lhe que tem sorte...a sorte dos outros! Que é exemplo a seguir...responde NUNCA!
Toca música para os seus ouvidos...os únicos que ouvem, e na canoa só os mosquitos o acompanham.
Suspira? Está cá há demasiado tempo...e quando partir terá vivido tantas vidas...porque os mortos também dançam.
Tudo isso cansa...e todos o olham...
Corre tantas vezes por uma floresta, sem destino nem companhia. E vai perecer ao som das folhas caídas. Como herói para os fantasmas.




Why’s everybody looking at me
Like there’s something fundamentally wrong
Like I’m a southern bird
That stayed north too long

Sem comentários:

Enviar um comentário