Agora que estou em Lisboa, sinto os olhares que não sentia
desde tempos de navegação. Esta cidade e eu temos algumas histórias. Férias
passadas em família. Aquelas histórias vermelhas de Natal, onde tios, tias,
avôs e avós fingiam prolongar a noite para a meia-noite não chegar.
Apanhávamo-los…nós os putos… E então riamos a perder. Eram momentos alegres.
Ainda que no meio desta cidade… Pois, eu nasci no Porto. Cidade invicta, bem
cheirosa e revoltante! Ali o ser é mais cru, mais vivo e carregado de violentas
verdades.
Estive cá enquanto cumpria o serviço…o militar. Naveguei
pelo Tejo, vestia de branco e azul-marinho, de aspirina pousada na cabeça.
Eramos os mais bonitos…diziam elas ao ver-nos passar. E namorei-as, vestido de
branco e de azul-marinho.
Hoje? Lisboa é colorida. Tem um je ne sais quoi de cosmopolita. E tias até perder de vista. Até as
conheço, as da TV. São mais que as outras! Mais tias, entenda-se!
Daqui vou mais para Sul. Esperem aí, mas isto já não é sul?
Diziam que sim. Mas daqui dá para ver. Há terras do sul ainda mais abaixo. Para
aí vou eu…uns tempos…mandar.
Preparo-me devagar porque devagar ali se anda…se vive.
Hoje umas injecções, amanhã uns repelentes, depois…depois?
…bora lá! Xiiii, e com isto já se nota, falo como cá. Já? Há mesmo quem diga
que sempre falei. Desculpem os mais atentos porque os desatentos não querem
saber.
Vou de malas e bagagens ao encontro das terras onde dei os
meus primeiros passos. Ali, em terras de África, aprendi a andar, a correr para
o colo da mulher que me trouxe. Ai, as saudades…dela! Pode ser que por ali me
sinta mais perto, quem sabe.
Até lá, vou curtir a capital e sonhar com visitas impossíveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário